11 de fevereiro de 2011

Vantagens e Desvantagens do Realismo e do Relativismo

Vimos que realismo e relativismo são duas teorias fundamentais sobre a realidade. Cada uma têm suas vantagens e desvantagens, seus argumentos e suas conseqüências. A maior vantagem do realismo é que o universo ganha ordem e tranqüilidade. É possível acreditar que haja um certo e um errado absolutos, que podem servir como referência para as nossas decisões. Estamos errados quando não nos adequamos corretamente ao real, mas o real existe, independente de nossas interpretações, o que gera segurança para nossas dúvidas científicas e existenciais. Em geral, as religiões são realistas, pois pressupoem uma verdade inquestionável como fundamento de sua fé. O problema do realismo é que ele pode se transformar em dogmatismo (do grego dógma = verdade inquestionável), passando a tratar tudo o que se opõe ao que é aceito por verdade, como desvio ou loucura, e que terá que ser corrigido, controlado, excluído, ou, até mesmo, aniquilado.
No relativismo, a vantagem principal é a tolerância com a diversidade de idéias. Os discursos diferentes não são considerados erros ou desvios, mas aceitos como perspectivas da realidade, que é uma característica inerente ao mundo humano. Nenhuma é mais verdadeira do que a outra, somente mais apropriada, conforme o contexto histórico, cultural, geográfico, etc. As artes moderna e contemporânea tendem ao relativismo, pois apostam nas multiplas possibilidades de ampliar e alterar nossas percepções do mundo. Uma das desvantagens do relativismo é que a ausência de um valor único, de uma verdade absoluta, que sirva de critério em situações de impasse. Se existem multiplas perspectivas, e todas com o seu igual direito de existir, cabe a cada indivíduo fazer suas escolhas baseado nas condições da situação, assumindo os riscos de uma solução de validade passageira. Tal atitude exige mais conciência e mais responsabilidade, sendo, portanto, mais trabalhosa. Parece muito mais cômodo ao ser humano acreditar em certezas permanentes, para definir o que é verdadeiro, correto, bom ou belo. Há ainda o medo de que, com a falta de uma medida absoluta e relatividade das verdades, ideologias excludentes entre si, como a democracia e o facismo, passem a ter o mesmo valor. Entretanto, esta seria uma visão ingênua e simplificadora do relativismo, pois o fato de não se acreditar em uma verdade absoluta, não implica em adotar uma atitude niilista (do grego nihil = nada), a negação radical de todas as verdades.

O nazismo era uma espécie realismo dogmático, na medida que colocava a raça ariana como a única verdadeiramente humana, e portanto, superior a todas as outras. A suposta supremacia do homem germânico legitimou a perseguição violenta contra todos que não se adequassem a esse modelo. Os artistas partidários do regime nazista eram incentivados a reproduzir em suas obras corpos nus, como propaganda estética do homem nórdico, um ser que reunia beleza, pureza e força. A obra "Camaradagem" (1937), do escultor Joseph Thorak, um dos prediletos de Hitler, faz apologia da disposição do povo alemão para o sacrifício, até as últimas conseqüências.










A ambigüidade da imagem acima ajuda a entender o relativismo. Repare que a diferença entre as perspectivas não se origina da posição do observador, mas de sua atitude. Dependendo do que é selecionado como figura e fundo, é possível enxergar uma face feminina ou um músico tocando saxofone. É como se cada imagem fosse "construída" pela relação de quem olha com o que é olhado. Uma mesma pessoa pode construir diversas realidades, dependendo do critério de organização do que vê. Assim também é no relativismo; a pluralidade de verdades é condicionada pelas relações estabelecidas entre o homem e o mundo, que podem ser infinitas.










Fonte: http://mcgablercosmologia.blogspot.com/

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