5 de maio de 2011

FOLHA.COM: Remédio "tarja preta" para deficit de atenção vira festa na balada

28/09/2010 - 10h40

Remédio "tarja preta" para deficit de atenção vira festa na balada

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GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

Para "aproveitar" a balada, o enfermeiro André (nome fictício), 24, costumava tomar comprimidos de ecstasy. Há três meses, trocou a droga ilícita por Ritalina, medicamento vendido em algumas farmácias apenas com receita, que fica retida.

Apelidada de "Rita" na noite, a droga indicada para tratar deficit de atenção e hiperatividade vem sendo usada como estimulante. Sua base é o metilfenidato, de composição similar à anfetamina, que estimula o sistema nervoso central.

"Você se sente gostoso, bonito. Dá sensação de poder e um arrepio bom, como se você fosse ter um orgasmo", descreve André. Ele diz aspirar o farelo do comprimido para sentir o "barato".
O enfermeiro diz ter conhecido os efeitos entorpecentes da Ritalina com amigos médicos.

Antes de saírem para a balada, eles espremem os comprimidos com uma colher e guardam o pó num saquinho. "Uma cartela com 30 serve para quatro pessoas cheirarem a noite toda."

O aumento da sede, um dos efeitos do remédio, costuma ser saciado com vodca. "Daí tudo melhora: a música fica mais legal e as pessoas ficam mais bonitas", afirma.

Ele admite que, sob o efeito da droga, fica com até dez pessoas numa mesma noite. Quando volta para casa, a agitação é tanta que só consegue dormir se tomar Rivotril, calmante que também só pode ser comercializado com receita médica.

Na casa noturna que ele costuma frequentar, no bairro da Lapa, em São Paulo, é comum ver um aglomerado de jovens descamisados dançando espremidos perto das caixas de som. "Aquilo é a Faixa de Gaza", descreve André: "Só tem droga".

A reportagem da Folha acompanhou uma noite nessa casa noturna. Lá, o estudante de publicidade César, 21, admitiu já ter usado Ritalina na balada: "Sou tímido. Quando tomo [a Ritalina], fico com mais coragem de chegar perto das pessoas", disse.

O rapaz admite que não é difícil consegui-la: "Você acha vendendo na internet".

As histórias de André e de César não são casos isolados.

Segundo Arthur Guerra, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Drogas do Hospital das Clínicas, é comum encontrar jovens tomando medicamentos de forma recreativa.

"Eles querem é sentir uma coisa diferente", diz o psiquiatra. Guerra alerta para os efeitos colaterais da "Rita": taquicardia e até quadros de paranoia, dependendo do ambiente em que estiver e da predisposição da pessoa.

2 comentários:

  1. Tem a Rita Najura da turma do Jotalhão (mauricio de souza).

    A Ritalina ta bombando na night!
    Nas escolas, o muleque que dormia na sala de aula ja nao dorme mais. Ele consegue reter sua atenção no que realmente importa.
    Antes, ele se distraía olhando pela janela o passarinho pousado no fio, mas logo depois voltava sua atenção para a professora.
    Agora, com a ritalina, ele não se distrai mais com a professora e pode reter sua atenção na paisagem.

    Essa ritalina é mesmo um santo remédio!

    Os pós-graduandos que precisam produzir a qualquer custo, costumam tomar um comprimidinho de noite, aí conseguem se concentrar num livro chato de fucô e depois escrever algumas linhas.
    "Depois de 5 anos de Skinner, agora eu consigo ler as coisas e as sei repetir depois. O fucô é até legal; quando a gente entende o fucô, Ele, Zeus, passa a ser chato".

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