30 de julho de 2010

"Perder a Razão"






"Na hora que você for discutir com os guardinhas, não pode gritar: você perde a razão."



Há, nessa frase, uma confusão entre os dois sentidos para o termo "razão".


Razão, no sentido clássico, da época grega - e até hoje -, significa o estado mental do homem são; logo, é o oposto da loucura.
Nesse caso, a pessoa teria gritado porque perdeu a razão, ou seja, teve algum tipo de manifestação da loucura.

Teria razão, no sentido popular, significa estar certo, ter certeza do que se está afirmando ou que a sua solicitação está de acordo com seus direitos.

A confusão do termo "razão" naquela frase é entre esses dois sentidos.
Originalmente, a frase era dita devido ao julgamento de uma pessoa que estivesse na condição de observador do outro, chegando à conclusão de que o outro elouqueceu, ou algo do tipo.
Atualmente, a frase é dita com o sentido para "razão" equivocado, sendo-lhe atribuído o significado de certeza, em prol da " moral e dos bons costumes", pois você deve ser educado ao dirigir a palavra a alguém.

Quer dizer, mesmo que uma pessoa esteja certa do que está falando, se ela gritar ou falar de modo "grosseiro", não lhe será dado crédito.

Num caso de uma discussão mais acalorada, que a pessoa esteja exigindo um direito claramento colocado por lei, como por exemplo, saúde ou o acesso a uma propriedade comum, se ela ficar impaciente com a lenga-lenga burocrática e começar a gritar, lhe será retirado o direito, pois ela não tem mais razão porque gritou.
O direito, nessa ótica, não seria concedido a todos os cidadãos, mas apenas aos cidadãos que lhe reclamassem num tom brando e suave, como "manda a moral e os bons costumes".




Por outro lado, a pessoa que chega com educação (leia-se "educação" como falando de forma agradável ao ouvinte e lhe demonstrando que reconhece sua autoridade para fortalecer-lhe o orgulho) consegue privilégios que não são previstos em leis.

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