Possessão de Fucô.... |
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Um pensador que nunca se deixa capturar por classificações... Dizia ele "Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo". Um pensador engajado em um trabalho crítico de seu presente, de si mesmo, buscando, por meio da genealogia e da arqueologia as rupturas e descontinuidades que engendram as imagens que temos de nós mesmos, dos outros e do mundo, eis Foucault...
Paul-Michel Foucault nasceu em Poitiers, na França, em 15 de
outubro de 1926. Filho de pai médico, com a expectativa de seguir a
tradição de seus antepassados e herdeiro de toda uma geração de médicos de
sobrenome Foucault, Michel tenta ingressar na Escola Normal Superior (em 1945),
tendo sido reprovado na primeira vez que tentou. Esse
fato marcou a vida de Foucault, pois no Liceu onde foi estudar em função dessa
reprovação, foi aluno de Jean Hyppolite, importante filósofo que trabalhava o
hegelianismo na França. Seu próximo passo é estudar, a partir de 1946, na Escola
Normal Superior da França. Ai conhece e mantém contatos com Pierre Bourdieu,
Jean-Paul Sarte, Paul Veyne, entre outros. Na Escola Normal, Foucault também é
aluno de Maurice Merleau-Ponty. Dois anos depois, Foucault se gradua em
Filosofia na Sorbonne. Em 1949, Foucault se diploma em Psicologia e conclui seus
Estudos Superiores de Filosofia , com uma tese sobre Hegel, sob a orientação de
Jean Hyppolite. Em meio a angústias e descaminhos que levaram
Foucault a algumas tentativas de suicídio, o pensador adere ao Partido Comunista
Francês em 1950, ao qual fica ligado pouco tempo em função de desavenças
políticas e de "intromissões" pessoais que o partido faz na vida de seus
participantes, como foi o caso de Althusser e dele próprio. Em 1951, Foucault
torna-se professor de psicologia na Escola Normal Superior, onde tem como alunos
Derrida e Paul Veyne, entre outros. Neste mesmo ano ele trabalha junto ao
Hospital Psiquiátrico de Saint-Anne. Também na década de 1950,
evidencia-se a afinidade de Foucault pelas artes. Podemos observá-lo estudando o
surrealismo, por exemplo, em 1952 e René Char em 1953. Mais ou menos nesse
período, Foucault segue o famoso Seminário de Jacques Lacan. Maurice Blanchot e
Georges Bataille aproximam Foucault de Nietzsche, ao mesmo tempo em que ele
recebe seu diploma em Psicologia Experimental (fase em que Foucault se aplica a
Janet, Piaget, Lacan e Freud). Começa, então, a fase mais produtiva, no sentido
acadêmico, na vida de Foucault. Fase esta que vai até o final da década de 1970.
Em 1971, Foucault assume a cadeira de Jean Hyppolite na disciplina História dos
Sistemas de Pensamento. A aula inaugural de Foucault nessa cadeira foi a famosa
"Ordem do discurso". Aos 28 anos Publicou Maladie Mentale et
Psychologie (1954; Doença Mental e Psicologia), mas foi com Histoire de la Folie
à l’âge Classique (1961; História da Loucura), sua tese de doutorado na Sorbone,
que firmou-se como Filósofo. Neste livro, analisou as práticas dos séculos XVII
e XVIII que levaram à exclusão do convívio social dos "desprovidos de razão".
Foucault preferia ser chamado de "arqueólogo", dedicado à reconstituição do que
mais profundo existe numa cultura - arqueólogo do silêncio imposto ao louco, da
visão médica (Naissance de la clinique, 1963; Nascimento da Clínica), das
ciências humanas (Les Mots et les choses,1966; As Palavras e as Coisas), do
saber em geral (L’Archeologie du Savoir, 1969; A Arqueologia do
Saber). Surveiller et punir (1975; Vigiar e Punir) é um amplo
estudo sobre a disciplina na sociedade moderna, para ele, "uma técnica de
produção de corpos dóceis". O instinto da prisão teria por objetivo o marginal
do proletariado e assim reduzir a solidariedade e o processo da classe inferior;
confinando as ilegalidades da classe dominada, sobreviveriam mais facilmente às
ilegalidades da classe dominante. Foucault analisou os processos disciplinares
empregados nas prisões, considerando-os exemplos da imposição, às pessoas, e
padrões "normais" de conduta estabelecida pelas ciências sociais. A partir desse
trabalho, explicitou-se a noção de que as formas de pensamento são também
relações de poder, que implicam a coerção e imposição. Assim, é possível lutar
contra a dominação representada por certos padrões de pensamento e comportamento
sendo, no entanto impossível escapar completamente a todas e quaisquer relações
de poder. Em seus escritos sobre medicina, Foucault criticou a psiquiatria e a
psicanálise tradicionais. Deixou inacabado seu mais
ambicioso projeto, Historie de la Sexualité (História da Sexualidade), que
pretende mostrar como a sociedade ocidental faz do sexo um instrumento de poder,
não por meio da repressão, mas da expressão. O primeiro dos seis volumes
anunciados foi publicado em 1976 sob o título La Volonté de Savoir (1976; A
Vontade de Saber) e despertou duras críticas. Em 1984, pouco antes de morrer,
publicou outros dois volumes, rompendo um silêncio de oito anos: L’Usage des
plaisirs (O uso dos prazeres), que analisa a sexualidade na Grécia Antiga e Le
souci de soi (O cuidado de Si), que trata da Roma Antiga.
Foucault teve vários contatos com diversos movimentos políticos. Engajou-se nas
disputas políticas nas Guerras do Irã e da Turquia. O Japão é também um local de
discussão para Foucault. Várias vezes esteve no Brasil, onde realizou
conferências e firmou amizades como a de Roberto Machado. Foi no Brasil que
pronunciou as importantes conferências sobre A verdade e as formas jurídicas, na
PUC do Rio de Janeiro. Os Estados Unidos atraem Foucault em função do apoio à
liberdade intelectual e em função de São Francisco, cidade onde Foucault pode
vivenciar algumas experiências marcantes em sua vida pessoal no que diz respeito
à sua sexualidade. Berkeley torna-se um pólo de contato entre Foucault e os
Estados Unidos. Definitivamente, Foucault sentia-se em casa nos
EUA. Em junho de 1984, em função de complicadores
provocados pela AIDS, Foucault tem septicemia e isso provoca sua morte por
supuração cerebral no dia 25. Discutido e estudado por várias áreas do
saber, Foucault mostra-se como um pensador arrojado, um intelectual que,
preocupado com o presente em que se encontra inserido, percorre os saberes em
busca de uma crítica que subverta os esquemas de saberes e práticas que nos
subjugam.Quer saber mais sobre Foucault? Participe da discussão com aquele que possui um braço de vidro, vê anjos nas janelas e sabe que Elvis não morreu, mas todos temos Pélvis! Segundas e Quintas-Feiras, das 17 às 19h, em dias que não estejam muito calor, no IC2, salas 3 e 7, respectivamente.
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