27 de janeiro de 2017

Crônica: É o Tchan Instrumental

Essa é do dia que os amigos que tocavam um samba estavam ensaiando, quando Paulinho, o vocalista, precisou sair pra atender um telefonema.
Continuaram passando as músicas e viram como o instrumental fica em segundo plano.
Maneco do pandeiro abriu os braços: “Pô, esse arranjo é bonito demais e ninguém se liga porque só presta atenção no vocal!”.
Jacky, que ficava na marcação: “Gente, vamos lançar o Projeto É o Tchan instrumental!”.
Todo mundo foi ao delírio.
A ideia vingou, a galera já tava comentando quais músicas eram bonitas, que tinha a “viola”, que na linguagem do samba se refere ao cavaco, bandolim, enfim, aos instrumentos de corda agudos, o teclado que mais harmonizava pra um instrumental.
Mas aí acharam que pra lançar um show totalmente sem vocal podia não animar muito o povo. Mestre Tuca do repique chegou com a solução: a gente chega numa roda de chorinho e toca o instrumental de Rebola.
Ah, nessa hora todo mundo ficou louco! “Essa é bonita demais! Vão simbora!”.

Marcaram certinho o dia, tinha uma pracinha que no sábado de tarde acontecia um chorinho bonito dos aposentados.
Chegaram com os instrumentos, o pessoal de lá não entendeu bem. Meste Tuca falou que queria assistir e pediu pra fazer uma participação. Seu Osvaldo, vendo jovens se interessar pelo chorinho, sorriu.
Lá pras tantas, Seu Elias, tocador de violão do grupo, fez uma pausa e abriu pra turma nova chegar.
Pediram licença e tocaram o Rebola de forma artística. Paulinho ficou assistindo, os olhos marejados.
Ao final, os senhores do chorinho se encantaram, aplaudiram de pé. Dentre os elogios, se ouvia:
“Linda execução!”.
“Quem são eles? Tem futuro!”.
“Essa eu não conhecia, é algum compositor novo?”.
“Uma mulher na marcação não é comum de se ver.”
“Essa juventude não está totalmente perdida!”.
Agradeceram pelo espaço, saíram do centro e acompanharam o choro até o final.

Ao final, se despediram, os vovôs alegres o convidaram para voltar mais vezes.
Eles prometeram voltar e saíram de boa.
No outro sábado, eles estariam lá de novo, mas dessa vez iriam ensaiar outra música.

11 de julho de 2016

Pra ninguém Entender: Hecceidades

A hecceidade é um modo de individuação muito diverso daquele de uma pessoa, um sujeito, uma coisa ou uma substância. Tudo nela é relação de movimento e de repouso entre moléculas e partículas, poder de afetar e de ser afetado. Mesmo quando os tempos são iguais, a individuação de uma vida não é a mesma que a individuação do sujeito que a suporta. Não se trata do mesmo plano: plano de consistência ou de composição das hecceidades, que só conhece velocidades e afetos, e o plano inteiramente outro das formas, das substâncias e dos sujeitos. Não é o mesmo tempo, também: Aion estóico, tempo indefinido do acontecimento, linha flutuante que só conhece velocidades e, ao mesmo tempo, não pára de dividir o que acontece num já-aí e um ainda-não-aí, um tarde-demais e um cedo-demais simultâneos, um algo que ao mesmo tempo vai se passar e acaba de se passar. Por isso Deleuze perguntava: “que se passou?”
Não passamos de uma hecceidade: latitudes e longitudes, conjuntos de velocidades e lentidões entre partículas não formadas, conjunto de afetos não subjetivados. Tem-se a individuação de um dia, de uma estação, de um ano, de uma vida, de um vento, de uma neblina, de um enxame, de uma matilha – independentemente da duração e da regularidade. Aqui nasce toda a possibilidade micropolítica de um devir, de uma política do impessoal; como Deleuze referia em seu último texto, homo tantum.
A hecceidade não é apenas um fundo em que se situariam os sujeitos, mas é “todo o agenciamento em seu conjunto individuado que é uma hecceidade; é ele que se define por uma latitude e uma longitude, por velocidades e afectos, independentemente das formas e dos sujeitos que pertencem tão somente a outro plano.”, escrevem Deleuze e Guattari.
As relações, as determinações espaço-temporais não são predicados da coisa, mas dimensões de mutiplicidades. O plano de consistência só contém hecceidades segundo linhas que se entrecruzam. Uma hecceidade não tem começo nem fim, nem origem nem destinação; está sempre no meio. Não é feita de pontos, mas apenas de linhas. Ela é rizoma - intermezzo.


- Tirado de um blog de Doidões

28 de março de 2016

Sumida grande

Talvez você não tenha reparado. Abaixo de suas pupilas dilatadas de parada engraçada estava, mas você não notou.

Um belo dia entrei no blog Fezes Falantes. Esquecido. Mas vi o post do ABC. Reparei que grande parte da história do Fezes não estava mais on. Não encontrei Cri cri cri lacusta terrestre. Só vi post depois de 2009. 

Pelo menos ainda estão no ar as Odes de Zaraminko. O de cá, pois o outro é bem diferente, já notara Volpini.

12 de agosto de 2015

Helom pelo mundo II


Eis que me foi revelado: um dos vocalistas do Viola de Doze se chama Helon.

10 de agosto de 2015

ÍNCRIVEL: Foto do Homem Lagarto nos EUA


No estado da Carolina do Sul nos EUA (quantos Helom tem lá?), uma mulher chamada Sarah (que não é a roots e nem vocalista do Fezes) afirma ter visto um homem-lagarto quando tava indo para igreja e aí em cima está a foto que ela tirou.

Qualquer semelhança com um monstro dos Changeman ou do Jaspion é pura coincidência.

Eu conferi e você pode conferir eeeem:  http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2015/08/mulher-alega-ter-fotografado-homem-lagarto-nos-eua.html

27 de julho de 2015

"Latino, o maior animador de festas do Brasil"

"Não quero só te ver, preciso dar um toque
Você pra mim é muito mais do que um shopping"



Oh, Renata ingrata, me leva!
Latino, um grande mestre, com certeza teve várias fases em sua carreira. Desde "só você, que me fascina", passando pela questionável "Mexe com Lalá", "Festa no apê"e bombando com "Dança Kuduro".

Reparem que no início do clip ele chega com o carro do Collor:

Mas uma música de Latino é genial, a famosa "tchururururu" que na verdade se chama Vitrine. A letra da música em questão é muito bem descrita pelo título. Nela, o eu-lírico fala de uma mulher que ele vê e fica gamado. Uma espécie de voyeurismo, "me dá água na boca olhar pra você", "Eu olho pra você meu sonho se define".
Também podemos ir pela análise da via do machismo. Por essa via o eu-lírico veria a mulher como um produto, "mais do que um shopping", "Teu corpo e teu coração é uma vitrine." Sendo shopping e vitrine, ele pegaria na hora que quisesse.

Pela outra via, se o cara é voyeur, a vitrine é só pra ver e não pra consumir como um produto.

A terceira via de análise fala de consumismo. Num shopping, você vê várias vitrines, certo? Nem sempre você tem capital necessário para adquirir o que ali está. Produz-se desejo. E fossos sociais distanciam cada vez mais aqueles que acessam o que está ali, daqueles que só passam, e também daqueles que vão promover um "perdeu playboy" na saída do shopping.

Se na letra ele diz que "precisa dar um toque", ele não quer só ver. Quer dizer que, continuando a música, ele tem a "v
ontade mais louca de sentir o prazer de roubar o teu mel...". Bom, se ele tá roubando o prazer, caímos no fosso social, na produção do desejo, na produção da violência, no consumismo, e no machismo, afinal ele teve que roubar o mel, não é com o consentimento do sexo oposto.


Todas as vias se encontraram não necessariamente de forma linear. Latino, o maior animador de festas do Brasil!


21 de junho de 2015

Diversidade de Gênesis ou O Arco-íris do Éden




"A história da maçã
é pura safadeza.
Adão comeu a Eva
e a Maçã de sobremesa"





Depois de tantas respostas, hoje, a Grande Questão da humanidade é: "Se Deus é perfeito, por que ele não criou uma mulher pra ele?".


"Você está sendo heteronormativo!", diria Zé de Saia.
"Então cara, eehhh, essa questão é um modo machista de ver o mundo", diria Layero imitando Tassus.
"Tsc, ahm, que Deus o quê. Deus tá morto!", diria Tassus forçando pra não falar igual a ele mesmo.
"Deixa as feministas te ouvirem falando isso...", diria Urubu Arauto para Dick Vigarista.

De acordo com um pergaminho encontrado numa sessão de Reich, no NPA, a resposta é simples: Deus não criou uma mulher pra ele porque ele não quis. Ele quis criar o Adão!
Mas como homossexualidade não é uma questão de escolha, Adão nasceu hetero.
Deus se deparou com a primeira frustração que era não poder ter o controle de tudo; ficou bolado e criou Eva pra provocar Adão.
Adão ficou louco com a pequena Eva.
Já com o plano arquitetado, o Grande Arquiteto proibiu qualquer relação afetiva entre os dois, que ficaram se coçando.
A serpente é bode expiatório e ficou só espiando, os dois humanos que não se aguentaram mesmo. Tanto que em entrevista anos depois, Adão confessa "proibido é mais gostoso".
Aquela relação de puro amor foi um golpe de ciúmes no Criador e acendeu sua ira. Expulsou os dois do Éden e a serpente por voyeurismo.
Cortou a pensão e o casal teve que comer com o suor do seu trabalho. Fundaram Sodoma e Gomorra, onde o amor seria livre.

E é por isso que Deus abomina os Heteros.